A maioria
dos médicos têm uma tendência a se considerarem menos propícios a desenvolver
doenças `a população em geral. Passam anos estudando o corpo humano: suas dificuldades, suas fraquezas, sua complexidade e suas (im)perfeições. E estudam também as doenças que acometem esta máquina inigualável, identificando os sinais e sintomas enviados pelos mais diferentes órgãos que alertam
suas dificuldades e antecipam o possível surgimento de dano maior,
que podem causar desde um pequeno desconforto `a fatalidade.
Passou-se 1
ano desde que, numa manhã de quinta-feira, ao acordar, senti uma dor no braço
esquerdo que se irradiava até a escápula, um suor frio e um mal-estar
indescritível, que nunca tinha sentido antes. Pensei: “tomo o meu banho
habitual que isso passa”. Minha esposa, Marisa, também médica, levantou a
suspeita de tratar-se de uma angina ou de um infarto e por isso tomei duas
aspirinas. Fomos ao Instituto de Cardiologia onde foram realizados exames de
praxe e foi constatado que havia sofrimento cardíaco.
A experiência
vivida foi muito poderosa, mesmo não tendo ficado com nenhuma sequela física,
graças à excelente qualidade e rapidez no atendimento prestado. O susto foi
grande e importante. Emagreci 11 kg graças à retomada da rotina de exercícios,
fortes alterações na alimentação e o uso rigoroso da medicação prescrita. Três
semanas depois, fui liberado para a prática do meu esporte predileto, que é o
futebol. Sigo rigorosamente as indicações sobre os exames de rotina necessários
nesses casos.
Mas uma das
partes mais importantes indicadas, a rotina diária de trabalho, confessadamente
não mudei, mesmo sabendo de sua grande importância. A carga horária, as
responsabilidades inerentes à profissão e à gestão da nossa clínica. Esses
fatores, aliados a uma genética desfavorável, são os fatores de risco nos quais
meu “tema de casa” não está sendo feito. É óbvio que os excelentes médicos com os quais
faço acompanhamento não conseguem ter interferência nesses fatores.
Por que exponho publicamente o que passei? Porque mesmo sendo tratado por médicos e tecnologia de primeira linha, alerto sobre a necessidade de mudanças nos hábitos e no comportamento, mesmo diante das dificuldades que isso representa.
Você deve avaliar todos os fatores de risco e mudá-los. Certamente não conseguirá mudar a sua genética, mas fatores como alimentação, atividades de trabalho, exercícios físicos e lazer devem ser alterados. Mude! O melhor médico do mundo não poderá fazer isso por você. Essa responsabilidade é sua! Esse exemplo serve para qualquer doença.
Todo e
qualquer avanço tecnológico ou no atendimento serão insuficientes se você não
se comprometer com as mudanças necessárias. De coração para coração!
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Dr. Hugo, por que só agimos diante de um susto?
ResponderExcluirPor que isso requer disciplina e dedicação e nós, que já estamos na maturidade, exigimos isto dos mais jovens.
Apenas 10% das pessoas conseguem alterar seu estilo de vida. Mudar não é fácil, seja um velho hábito, seja uma situação de vida. Estamos sempre nos prometendo fazer diferente – ser mais paciente, tolerante, verdadeiro, emagrecer, parar de fumar, parar de beber, ser mais atencioso e gentil, mas dificilmente a transformação é levada adiante. Isso, inclusive, entre gente que ficou doente por problemas causados por maus hábitos, como cigarro, bebida e estresse demais. Mas em algum momento, as mudanças, impostas ou desejadas, se apresentam e temos de enfrentar um novo estilo de vida.
Parabéns pela sua sinceridade, quem sabe, algum paciente seu ou leitor, reavalie os seus hábitos de vida.
Abração e força!